Psicose foi escrito por Robert Bloch em 1959 e quando o cineasta Alfred Hitchcock deu de cara com este thriller eletrizante sobre o relacionamento doentio e psicótico entre mãe e filho comprou os 3 mil exemplares disponíveis e os escondeu em um galpão. O cineasta realmente sabe o que é manter um spoiler em segredo, hein?
Enredo e personagens
O livro – que deu origem ao filme e mais recentemente à série Bates Motel exibida pela A&E – se passa em uma cidadezinha de interior, mais especificamente na beira da estrada, onde fica o Motel da família Bates, dirigido por Norman e Norma, sua mãe. Ambos moram em uma casa em uma colina atrás do Motel. Norman é um homem de meia idade, caseiro e pacífico, seu único hobby e “tara” são os livros. Desde muito novo, Norman é tratado como um garotinho por sua mãe, que vive o censurando e superprotegendo. Por vezes ele discorda dela e tenta se livrar do seu domínio e manipulação, mas verdade seja dita, após tantos anos Norman não sabe viver sem estar debaixo da saia de sua mãe. Vivendo um relacionamento doentio de posse e ciúme, quase comparado ao Complexo de Édipo, era mesmo de se esperar que Norman acabasse solteiro e morando com a mãe para o resto da vida.
“Ela sempre lhe ditara as leis, mas isso não queria dizer que ele sempre precisasse obedecê-las. As mães são às vezes dominadoras, mas nem todas as crianças se deixam dominar. nem todas as viúvas e nem todos os filhos únicos se emaranhavam nesse tipo de relação. A culpa era tanto dele quanto dela. Porque ele não tinha iniciativa”.
A narrativa alterna entre os pensamentos e a perspectiva de Norman, e os outros personagens, como a pobre Mary Crane. Mary é uma jovem desiludida com sua vida amorosa e profissional que um dia conhece um homem, Sam Loomis, em um cruzeiro e se apaixona perdidamente. O problema é que Sam vive em outra cidade e está tão atolado com as dívidas que herdou do falecido pai que mal consegue se sustentar, para se recuperar e poder casar com Mary, Sam trabalha duro dia e noite.
Mary vê a sua chance de mudar o seu destino e ajudar Sam com suas dúvidas para finalmente poderem se casar quando lhe é entregue um pacote com 40 mil dólares para ser depositado no banco para um cliente da empresa em que trabalha. Quando todo esse dinheiro lhe é confiado em uma sexta-feira à tarde, Mary agarra a possibilidade de mudar sua vida e foge com o dinheiro.
Arquitetar um plano de fuga perfeito não é tão fácil assim, mas Mary estava decidida, ela fez uma longa viagem de carro para se encontrar com Sam. No meio do caminho, Mary resolve parar pra descansar e se recompor em um Motel de beira de estrada afinal, ela queria estar apresentável para se encontrar com Sam no dia seguinte. Mary se hospedou no Bates Motel. Lá ela conhece Norman e ele se oferece para fazer algo para ela comer em sua casa, já que estava chovendo e não havia nada nos arredores do Motel. Neste jantar, eles conversam um pouco e Norman, muito mal acostumado a ter companhia e a conversar com estranhos, começa a desabafar sobre sua mãe.
Uma semana se passou e nem sinal de Mary no trabalho, seu chefe e sua irmã estão desesperados. Sua irmã Lila resolve ir procurar por Mary na cidade de Sam, é para onde ela imagina que a irmã deve ter ido. Então Lila, Sam e Arbogast, um investigador contratado pela empresa de Mary para reaver o dinheiro roubado, começam a seguir pistas do paradeiro de Mary e tentam desvendar o que pode ter acontecido com Mary e todo aquele dinheiro.
Minhas impressões
Confesso que já havia assistido ao filme (assistam ao trailer abaixo) muito tempo atrás então me recordava bem do enredo desta história, porém admito que ler o livro foi uma experiência totalmente diferente que eu recomendo pra todo mundo que gosta de um bom e velho clássico do terror. Psicose prende a atenção do leitor desde as primeiras páginas quando começa a descrever a relação doentia de Norman e Norma. Todos os mínimos detalhes da narrativa são levados em consideração e são extremamente importantes para a construção do temperamento do assassino. O filme e o livro são extremamente parecidos, inclusive, a adaptação foi muito bem sucedida. Não há necessariamente um suspense quanto aos assassinatos, eles são bem óbvios e bem no começo, o suspenso do livro é voltado ao estado psicótico dos personagens, o que os leva a fazer o que fazem, desvendar as características da personalidade do assassino e os seus motivos são a grande sacada dessa história. Para ser sincera, o foco do livro é o assassino e não a vítima.
A narrativa é muito fluída e corre solta o livro inteiro. Tomei fôlego e li o livro todo em uma “sentadinha”. Com isso, o que eu quero provar pra vocês é que a leitura desse livro é inebriante, pode ser lido em qualquer lugar a qualquer hora e com certeza vai capturar a atenção do leitor.
Uma das coisas que eu também achei interessante foi o último capítulo que serve quase como um fechamento oficial da história. O narrador nos explica através dos personagens e seus diálogos exatamente o que acontece por detrás do óbvio, ele vai afundo e nos explica as causas e os motivos do assassino. Achei sensacional!
A série mostra o Norman antes de se o Norman de Psicose, mostra a sua vida antes dos acontecimentos do livro/filme. Estou assistindo e recomendo muito, especialmente porque eles mantiveram um ritmo bem parecido com o do livro, onde um momento ou uma cena é mostrada de dois ângulos diferentes.