Por que o estranho e o diferente precisam ser ruins? Oh! Mas é claro! Não precisam e não são! A verdadeira beleza de tudo se encontra na diversidade, nos diferentes rostos, nas inúmeras formas de pensar e cada mundo possui seu próprio encanto. Conheça Jack e sua incrível história.
É maravilhoso se apaixonar por uma história inédita e dar a ela um lugar especial em nossas vidas. Mais maravilhoso ainda é quando já conhecemos uma história e ela é reapresentada de uma outra forma. É apaixonar-se outra vez, se encantar mais ainda pelo enredo e pelas personagens. Tim Burton é responsável pela criação de animações admiradas por inúmeras pessoas. O Estranho Mundo de Jack (1993) se tornou um marco dos estúdios Disney, alcançando fãs ao redor do mundo. O Japão adora tanto o Rei da Abóbora que não deixa de investir em produtos relacionados a ele e acabou inserindo o simpático esqueleto no mundo dos mangás. Jun Asuka roteirizou e ilustrou a história de Jack para os quadrinhos japoneses.
Jack Esqueleto é o Rei do Horror, também conhecido como o Rei da Abóbora. Ele vive na Cidade do Halloween, lar também de bruxas, vampiros, fantasmas e de outras criaturas. Ele é o responsável pela celebração do Halloween, sempre ovacionado e adorado pelo seu povo. Porém, apesar de todo seu sucesso, chega um momento em que Jack sente que falta algo em sua vida, se sente triste. Ele percebe que todo ano é sempre a mesma coisa: ser a atração principal do Halloween e fazer a melhor festa possível. Vagando sem direção por uma floresta ele encontra símbolos desenhados em troncos de árvores. O que Jack não sabia é que esses símbolos eram portais e ele, acidentalmente, entra em um deles. Jack vai parar na Cidade do Natal. Ele fica tão maravilhado com tudo o que vê que tem a “brilhante” ideia de, naquele ano, celebrar o Natal com seu povo. Todos adoram a ideia, com exceção da boneca remendada Sally. Ela é a única que tem noção no que essa ideia de Jack pode resultar. Como amiga, e pelo sentimento maior que ela tem por ele, Sally tenta fazer Jack ver que ele está no caminho errado e que uma catástrofe pode chegar se ele persistir na louca ideia de assumir o papel do Papai Noel.
Acredito que todos podem ser bons em muitos aspectos. Somos capazes de realizar muitas tarefas diferentes. Jack sabe que ele é inteligente, divertido e assustador. Não há ninguém como ele para realizar a melhor festa de Halloween. Quando acha que já é hora de buscar algo além do que sempre fez ele acredita que não precisa mais organizar o Halloween e idealiza a realização do Natal.
(…) Todos me aplaudem, mas há tristeza em meu coração (…) Eu sonho com algo além do mundo que tenho…
Todos são únicos. Não há uma única pessoa que seja igual a outra. Uma das maiores buscas que já foram feitas, em toda a História, é a do papel que cada um possui no mundo. Jack já não se satisfaz com seu papel na Cidade do Halloween. Durante os quadrinhos e suas falas o leitor pode ver, claramente, que o Rei da Abóbora deixa de lado sua verdadeira essência e se afasta de quem realmente sempre esteve ali por ele, mesmo que ele não tenha percebido por completo. Quando nos distanciamos das pessoas que amamos nos ferimos e nos ferimos ainda mais quando nos distanciamos de nós mesmos. Nascemos com grandes propósitos, viemos a este mundo para deixarmos nossa marca e, primordialmente, para sermos felizes. Jack tentou ser alguém que jamais precisou ser. Só viu que sua felicidade estava próxima todo o tempo quando entendeu o papel fundamental que tinha para o Halloween. Ele compreendeu que nenhum outro poderia ser tão bom Rei do Horror quanto ele. Ele era único e era isso que todos amavam nele, em especial sua admiradora secreta, Sally, que também acaba encontrando um sentido maior para existir, para sorrir.
(…) Eu me enganei! Não era a coisa certa. Mas vivi uma experiência encantadora. Eu sou Jack! Havia me perdido, mas me encontrei.
Jack se aceitou. Aceitou-se como único para si mesmo e para aqueles que o amavam. Mesmo com o Natal, com a Páscoa, com o Dia dos Namorados, ele sabia que o Halloween só seria o que sempre foi se ele estivesse lá para a todos encantar (e assustar). Apesar de toda a tremenda confusão que causou ele buscou reparar seus erros para poder seguir em frente, feliz e melhor do que nunca. O verdadeiro milagre é o do amor. Amor por si mesmo, pelo próximo, pelo que fazemos de melhor e por quem sempre esteve ao nosso lado nos momentos mais delicados.
O Estranho Mundo de Jack é uma mangá inesquecível. Com falas quase idênticas às da animação é impossível não lembrar das canções do filme durante a leitura. Acabei lendo e cantando toda a história, quase sem perceber. Um fato bem interessante que o mangá traz é que podemos nos aproximar mais da Sally. Não há como se apaixonar pelo Jack sem amar também sua admiradora remendada. A publicação do mangá no Brasil fica por conta da Editora Abril. A edição vem com perfil separado das personagens e conta um pouquinho de como surgiu a ideia de trazer a animação para os quadrinhos. O mundo de Jack não é nada estranho. Estranho mesmo seria não ver a beleza em ler essa história de trás para frente.