Olá pessoal! Resolvi trazer esse post um tanto diferente aqui no blog porque precisava compartilhar com vocês algumas das citações incríveis do livro “Terra das Mulheres” da autora americana Charlotte Perkins Gilman. Se você quiser saber mais sobre o livro, assista a resenha completa lá no canal! ♥
“- Elas brigariam entre si – insistiu Terry. – Sempre brigam. Não vamos encontrar espécie alguma de ordem ou organização. (…) – Não senhor… elas vão brigar – concordou Terry. – E também não devemos esperar invenções e progresso; será terrivelmente primitivo.
“- Elas não parecem perceber que somos homens – continuou ele. – Tratam-nos… bem… como tratam umas às outras. É como se sermos homens fosse um detalhe menor.”
“Aqui tem-se seres humanos, sem dúvida, mas o que demoramos a entender foi como essas supermulheres, herdando apenas de mulheres, tinham eliminado não somente certas características masculinas, pelas quais obviamente não procuramos, mas tanto do que sempre pensamos ser essencialmente feminino. A tradicão de homens como guardiões e protetores havia desaparecido. Essas virgens resolutas não temian homem algum e, portanto, não precisavam de proteção.”
“Essas mulheres, cuja distinção essencial da maternidade era nota dominante de toda a sua cultura, eram muito deficientes no que chamamos de ‘feminilidade’. O que me levou à convicção de que os ‘charmes femininos’ que apreciamos não são nada femininos, mas apenas reflexos da masculinidade – desenvolvidos para nos agradar porque elas precisam nos agradar -, nem um pouco essenciais ao desempenho.”
“E fôramos presunçosos quanto às inevitáveis limitações, falhas e vícios de uma população feminina. Esperávamos que elas fossem sujeitas ao que chamamos de ‘vaidade feminina’ – ‘babados e frufrus’ – e descobrimos que haviam desenvolvido um traje mais perfeito que as vestes chinesas, belíssimo quando assim queriam, sempre útil, de dignidade e bom gosto indiscutíveis. Esperávamos monotonia submissa e tediosa, e encontramos uma inventividade social ousada, muito além da nossa, e desenvolvimento mecânico e científico igual ao nosso. Esperávamos mesquinharia, e encontramos consciência social em comparação com a qual nossas nações pareceram crianças briguentas – e birrentas. Esperávamos ciúmes, e encontramos afeição irmanada, inteligência correta, da qual não possuíamos paralelo. Esperávamos histeria, e encontramos saúde em vigor, temperamento calmo, para o qual o hábito da profanidade, por exemplo, era impossível de explicar – e nós tentamos.”
“Pensávamos nelas como ‘Mulheres’, e, portanto, tímidas; mas havia dois mil anos que não temiam nada, e certamente mais de mil desde que esqueceram essa sensação.”
“- Gostamos mais de você – contou-me Somel – porque você se parece mais conosco.
– Mais como mulheres! – pensei, desgostoso, e então me lembrei quão pouco elas era ‘mulheres’ no sentido depreciativo. Ela sorria, como se lesse meu pensamento.”
“A dificuldade de Jeff era seu cavalheirismo exaltado. Ele idealizava mulheres, e ficava sempre em busca de uma chance de ‘proteger’ ou ‘servir’. Aquelas mulheres não precisavam nem de proteção nem de serviços. Viviam na paz absoluta, poderosas e plenas, éramos convidados e prisioneiros, absolutamente dependentes.”
“(…) Os anos de pioneirismo estavam distantes. Naquela civilização, as dificuldades iniciais já tinham havia muito sido superadas. A paz imperturbável, a abundância incomensurável, a saúde constante, a boa vontade comum e administração ordeira, que cuidava de tudo: não havia nada mais a superar. Eram como uma família agradável morando numa velha e bem organizada propriedade campestre.”
“(…) Nenhuma criança da Terra das Mulheres jamais se deparou com a rudeza autoritária comumente demonstrada às crianças. Eram Pessoas também, desde o início, e a parte mais preciosa da nação.”
“(…) A grande diferença era que enquanto nossas crianças cresciam em lares e famílias privados, sob todos os esforços de proteção e isolamento do mundo perigoso, ali elas cresciam em um mundo amplo e amigável, que sabiam pertencer a elas, desde o início.”
“- Podemos ao menos dar-lhes nossos nomes – insistiu Jeff. (…) Quanto aos nomes, Alima, alma franca que era, perguntou de que isso valia.
Terry, sempre a infernizando, disse que era um sinal de possessão. – Você será a Sra. Nicholson. A Sra. T. O. Nicholson. Isso mostra a todos que é minha esposa.
– E o que exatamente é ‘esposa’? – quis saber, com um brilho perigoso no olhar.
– Uma esposa é a mulher que pertence a um homem.
(…)
– As mulheres não tem nomes antes de casar? – perguntou Celis repetidamente.
– Ora, sim. – explicou Jeff. – O nome de solteira… Ou seja, o nome do pai delas.
– E o que acontece com eles? – quis saber Alima.
– Mudam-no para o do marido, querida – respondeu Terry.
– Mudam? E o marido pega o nome de solteira da esposa?
– Oh, não. – Ele riu. – O homem mantém o próprio nome e também o dá para ela.
– Então ela simplesmente perde o dela e recebe um nome… Que desagradável! Não queremos! – decidiu Alima.”